quinta-feira, agosto 14, 2008


Music for the soul

No último domingo, dia 10 de agosto, além de ser Dia dos Pais, a cidade de São Paulo recebeu um evento muito interessante.

Para comemorar seus 35 anos no País, a Yamaha Musical do Brasil convidou Ivan Lins, Ana Cañas e Abraham Laboriel para um show no Auditório Ibirapuera.

A competência de Ivan Lins como músico é inegável. E Ana é uma das boas surpresas da nova música brasileira. Mas o destaque da noite foi, sem a menor sombra de dúvida, o mexicano radicado nos EUA, Abraham Laboriel.

Para quem não sabe, Laboriel é um dos maiores gênios do contrabaixo que a humanidade já criou. A revista Guitar Player gringa o credita como "o mais versátil baixista de nossos tempos".

E, de quebra, ele ainda é pai do baterista Abe Laboriel Jr, que atualmente toca, simplesmente, para Paul McCartney. Laboriel pai só tocou com gente do nível de Ray Charles, Michael Jackson, Elton John, Madonna, Stevie Wonder, entre outros.

Quando subiu ao palco do Auditório Ibirapuera, e disse a sempre presente seqüência “One, two, one, two, three, four” e começou a tocar, o local foi invadido por uma energia inigualável. A platéia se perguntava: “Mas esse som está saindo somente do baixo? Como é possível?”. Muito sinceramente, confesso que não sei como é possível. Só sei que aconteceu, pois eu estava lá e vi e ouvi atentamente.

Um suingue inigualável, um domínio da linguagem musical que permite ir do Jazz para o Soul e o Funk em meros segundos e fazendo todo o sentido. É disso que Abe, como ele gosta de ser chamado, é capaz.

Aos 61 anos (sim, tudo isso), o músico mostra-se cheio de entusiasmo e empolgação. E é de uma generosidade sem igual, tocando com os brasileiros como quem faz uma rodinha de amigos para “tirar um som”.

Um dos momentos mais marcantes da apresentação foi quando, ao final da primeira música em que tocou, e dando uma verdadeira aula de improviso, Laboriel veio às lágrimas de felicidade, por sentir que tinha feito algo extraordinário com a música.

Foi algo marcante para todos os presentes. E fica o pedido para que ele volte ao País, mas para fazer um show só seu. Ele e todos nós merecemos.

Fotos: Tatyana Andrade

segunda-feira, agosto 11, 2008

Favorita de quem?


Então tudo mudou em “A Favorita”. De repente, uma suposta ambigüidade das personagens principais, interpretadas por Cláudia Raia e Patrícia Pilar, sumiu como fumaça no ar.

A premissa original era ousada: deixar que as personagens crescessem por si mesmas, seguindo os ânimos do público e o desenvolvimento da história em si. O problema é que fazer algo assim numa novela das oito é por demais complicado. Existe todo um esquema tradicional, uma estrutura narrativa a qual o público está acostumado.

E, por falar em público, há um elemento ainda mais difícil e que deve ser pensado. Trata-se do perfil dos telespectadores. Quem é que ainda assiste novela das oito? Normalmente pessoas de mais idade e também um público de renda mais baixa, que ainda não tiveram acesso à TV por assinatura. Isso significa, sem nenhum preconceito, que são pessoas com menos acesso à educação e, por isso mesmo, mais habituadas com um estilo de receber conteúdo muito mais ortodoxo.

Diante desse contexto, a novela escrita por João Emanuel Carneiro não conseguiu decolar no Ibope de jeito nenhum. Mas, a solução arranjada, de definir um herói e um vilão, está longe de poder ser considerada ideal.

Flora (Patrícia Pilar), que antes se mostrava amorosa com a filha, hoje diz que “não suporta” a menina. A mudança foi tão radical quanto súbita. E ficou ridícula. Forçada, sem a menor coerência.

Apesar da audiência do “dia da virada”, quando tudo mudou na história, foi alta. Mas não deve continuar assim. Claro, há o ponto da horrenda concorrência no horário: a bizarra novela “Mutantes” da Record – que, por si só, já é um estímulo para que outras coisa seja vista.

Mas a grande questão é que, independente de ser simples e pouco culto, uma coisa certamente o público não é. Bobo. Isso ele não é mesmo. E não vai tolerar ser tratado como tal.